Lágrimas de estrelas
A crisálida está rompendo e na alma chove uma chuva sem estio. Quatro anos do temporal de Macondo jorrando dentro da casa. A menina carregava baldes d´água e desentupia os canos O pai que não parava de trabalhar, hoje não saiu. A mãe que não fala, danou-se a contar causos O agregado que aninhava-se no banco de areia deparou-se com a imensa correnteza. A chuva veio de fora e eu trovejava de dentro, porque vi uma vida se desenrolando dentro de outra vida - mas estas coisas não podem ser ditas. Só sei que eu olhava, de dentro, a menina, de cabelo roxo, na primavera da vida. - que tarefa ingrata desentupir canos! Acho que se ela pudesse correr, ela corria, mas como interromper o fluxo? A chuva chovia. Alguém há de pôr as mãos na sujeira dessa alma coletiva mesmo sem compreender e praguejando contra a vida, porque sempre existe uma inteligência feita para nos escapulir. Eu vi a água subir, e subia, e subia, até que chegou