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Mostrando postagens de novembro, 2013

Fragmento IV

Da fumaça dos cigarros? Desculpa (legal) de sensibilidade para expurgar demônios sem razão...

Os olhos de Bisa

Teceu teceu teceu teceu... Não alinhavou. Perdeu no horizonte os olhos à espera do seu santo guerreiro, que arremate o único ponto que não pôde dar na vida. A despedida... das dores sustentadas naqueles ombros dedicados à costura da vida dos meninos, filhos de Jorge. Matriarca, costureira, amazona, orgulhosa, prosa... Contadora de histórias, quem teceu em mim o primeiro fio da narrativa... Entorpeceu-me de palavreados. Eu copiava. Escrevia quando ela bordava. Bordava e ela contava... Criávamos vida em tempos mortos... Outra semana prometeu jamais voltar à máquina de costura, seu sentido... O rosto então caiu; baixinha, apequenou-se mais ainda; teve preguiça. Retaliou São Jorge. "O que ele espera pra me levar?" "Só vou de cavalo branco!". "Chegou minha hora". E chegou. Dos noventa outonos, tantas Luas, mangas-fruta maduras, luta e criação, desgostou da comida. Parou de assaltar a geladeira nas madrugadas - como juntas fazíamos - entre a leit

Fragmento III

Torpor sem nome desde que tu fostes... - A leve impressão de que carregastes outro eu contigo... Cá fiquei um restinho... sombra em pêlos divagando em mim.

Fragmento II

Luto contra o sono para poder viver de madrugada,  quando se apagaram as expectativas e todos os olhos... restando-nos apenas essa Lua dourada, consumação das ilusões (diárias)...

Anjo da noite

Visitou-me em sonho e ancorou minhas fraquezas meu anjo da noite, que há de andar sempre comigo... Me protege no ponto aonde mais fragilizo. Há de ser por isso que me exponho assim ao perigo? Seu nome é Perdão, aquilo que não cultivo. Que busco na noite, quando dopo os sentidos... Quando eu sinto. Mergulhar no escuro necessito pois assim durmo o raiar futuro e todo o brilho que irradio no cetim azul do vestido. A amazona está sem armadura. De dia, diz que vai à luta. De noite, vivo.

Croniqueta de botequim

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            Do cinza de minha janela, sempre aberta,        veio ela, esbaforida,        pousando em meu chapéu de malandro João...        Pronto soube que logo viria poesia.        Amarelinha, intuitiva,        borboleta minha, de elegante transmutação.        Como se não houvesse inspiração,        veio-me o som dos copos vazios        a traçar primeiras linhas dessa solidão primaveril        que mareja os sentidos,        ilumina o caminho        da Croniqueta dos botequins.        Ela virou-me a primeira folha rabiscada        antes de, efêmera, partir.        Logo entendi, já com o chapéu e chave na mão...        - Seu Tião, desça a cerveja aí!

A velha Praça do Sol

Disse uma vez Quintana, com sua invejável economia literária, que o que sobrou de todas as andanças de sua vida, havia de ser seu verdadeiro eu. Me aproprio. Eu que não fui Raul e não estive (ainda) nos quatro cantos do mundo, lembro-me bem de um "fantasminha" de mim, que ainda há de residir naquele velho sobrado de Madri... Não foi que mudei, minha amiga. Só criei alguns calos no espírito e outros tantos na pele. Não é que alguns até embelezaram essa fronte, de energia circundante que carrego comigo? Essencializo no justo ponto em que mais me nego, exatamente quando me reinvento em nova geografia, outras brisas, com outras peles... Caem então os condicionamentos, os pré-requisitos de família, aquela roupagem bonita a qual mamãe me franzia, a qual me trazia amor. E por amor, convenhamos, havemos sempre de nos vender um bocado... Confesso-te agora que dei pra sentir saudade daquela movimentada Praça do Sol em pleno inverno de minha alma... Não, não foi tão triste ass