A velha Praça do Sol
Disse uma vez Quintana, com sua invejável economia literária, que o que sobrou de todas as andanças de sua vida, havia de ser seu verdadeiro eu.
Me aproprio.
Eu que não fui Raul e não estive (ainda) nos quatro cantos do mundo, lembro-me bem de um "fantasminha" de mim, que ainda há de residir naquele velho sobrado de Madri...
Não foi que mudei, minha amiga. Só criei alguns calos no espírito e outros tantos na pele.
Não é que alguns até embelezaram essa fronte, de energia circundante que carrego comigo?
Essencializo no justo ponto em que mais me nego, exatamente quando me reinvento em nova geografia, outras brisas, com outras peles...
Caem então os condicionamentos, os pré-requisitos de família, aquela roupagem bonita a qual mamãe me franzia, a qual me trazia amor. E por amor, convenhamos, havemos sempre de nos vender um bocado...
Confesso-te agora que dei pra sentir saudade daquela movimentada Praça do Sol em pleno inverno de minha alma...
Não, não foi tão triste assim. Você, que se afligiu junto comigo a algumas léguas de distância, sabe que, no fundo, aqueles olhinhos sofridos e resignados nunca foram meus.
Bem sabe! É a minha saia que gira... Pomba Gira não pode negar!
Aprendi a dizer não.
Pra você digo é sim. Depois de moça-feita, até o cabelo cacheou... De mudança não dá mesmo pra fugir.
Tenho amado melhor a mim
e só porque é assim, posso amar melhor você.
Valeu a pena cada dor doída, amiga!
Aquele quintanesco "fantasminha", com emoção acolhi dentro de mim.
E que quintane-se tudo o mais. Novas aventuras hão de vir por aí...
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