Sancho Pança da minha vila




Foi no ambiente informal do irresponsável que nos encontramos, desenganados.
Dali que partiu o chamado, prontamente atendido por um pai cansado, predestinado à uma amiga-filha,
aflita, entristecida...
Talvez o que visse não fosse o errante cavaleiro andante, mas seu limitado escudeiro, um objetivo braço direito!...

... Fraquezas postas à mesa. O brinde ao desconhecido e o perdão de nossas existências ali, ao alcance da mão... ocupada pelo líquido sagrado dos desgarrados...
... Dois cúmplices. De um presente destroçado. Ao avesso, machucado, pesado
pelas memórias de um passado inacabado...

Foi quando me dei conta
de que aqueles olhos cansados não nasceram mesmo para reagir, menos ainda para lamentar...
pois que sabiam melhor do que ninguém os labirintos pelos quais é construída a vida.
E era essa incapacidade que nele eu via. E amava...

esse admirável talento com o qual se resignava
e se acomodava impunemente a dor, instalando-se nela
e dela, extraindo-lhe as forças para um ser ainda mais leve...
Era daí que atraía suas mulheres... do seu maior dom. O desengano.

É dessa maneira assim que te amo... desiludida, - amada, percebida. Nós, que assimilamos a vida
e um dia nos aventuramos em parceria...

...De um passado errante, herdamos o laço. Forte e fundo, o nosso abraço...
e a lição do desapego - que carregamos nas bagagens,
aquilo que funda esse nosso amor desencantado.
Sem fronteiras... nem beiras... Transeunte.
Incondicional.



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