Ano novo
Uma nuvem só chove quando cansa de nuvear...
Precipito
pobre da complexidade existencial da minha fome.
- morte maia da ilusão dos anos de renovação,
nesse tempo de reflexão ritual das revistas,
não desejo amor, dinheiro ou saúde,
o desejo único é o de embrutecer...
o espírito, o meu eu.
colar em mim a alma pra curar essa angústia,
desquerubinizar a dor e a volúpia,
ser toda corpo para poder ser puro espírito,
des-ziguezaguear os instintos...
Eis que sendo o além-corpo,
o que se vive é a fome de narciso na alma...
Que no tudo sentir que é
o nada segue sendo...
...Talvez pudesse ser gente
vivendo as baixezas da carne na aridez do pensamento.
Cessar-se-ia a fome sendo eu a própria comida?
...Os olhos nublados em vigília...
Morrendo a redenção na ideia digerida...
O corpo é o sopro da vida.
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