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Mostrando postagens de dezembro, 2012

Refazendo 'caminhaduras'

Lhe desejo nesse maiúsculo e novo Ano Novo... flores nos cabelos, músicas de vento, ouvidos de concha, vestidos de cetim e sandálias de tecido... Que aposentes o couro cru dos sapatos, as amarras da calça jeans e o tom bege das langeries... Que na virada dediques flores à Iemanjá, em nome de Krishna e bebas champagne ou aquela sidra, que brinda os amores e nos libera do universo do corpo, que habita o mundo azul-mesquinho... Que ames outro. E muito. Denovo. E mais uma vez... Que liberte-se do fantasma do autocontrole, Que não mais temas trair ou ser traído - desapegue-se disso em nome do viver de Clarice, que ultrapassa qualquer entendimento... Que aposente-se de si quando bem entenderes mas recrie-se... Sempre. Que sejas honesto, que saias de casa sem endereços... sem adereços. Que devagar andes, percebendo no olhar dos outros, si mesmo. Mas andes bem devagar... pra poder catar as conchas dos caminhos pedregosos. Que fortifiques os laços. Que me ames - m

Ano novo

Uma nuvem só chove quando cansa de nuvear...       Precipito pobre da complexidade existencial da minha fome.   Nesse novo ano pós morte       - morte maia da ilusão dos anos de renovação, nesse tempo de reflexão ritual das revistas, não desejo amor, dinheiro ou saúde, o desejo único é o de embrutecer...        o espírito, o meu eu. colar em mim a alma pra curar essa angústia, desquerubinizar a dor e a volúpia, ser toda corpo para poder ser puro espírito, des-ziguezaguear os instintos... Eis que sendo o além-corpo, o que se vive é a fome de narciso na alma...        Que no tudo sentir que é        o nada segue sendo... Quem quer que seja, nunca saberei além da ideia. ...Talvez pudesse ser gente vivendo as baixezas da carne na aridez do pensamento.         Cessar-se-ia a fome sendo eu a própria comida? ...Os olhos nublados em vigília... Morrendo a redenção na ideia digerida...          O corpo é o sopro da vida.

O velho Chico

Vim pra Aracaju e... virei caju. cajuína, cajuzeira,  cajueiro, forrozeira, camaleão. Co-artista com a água e com o vento nas molduras das pedras e cavernas que protegem o velho Chico! Rio São Francisco! Emoldurado pelo sertão dos galhos retorcidos, da vida nordestina, do caminho de Lampião e Maria Bonita... Vi o Rio que corta o mar e nunca mais serei a mesma. Agora tenho em mim, de Oiapoque ao Chuí, todas as cores do meu Brasil...

Era amor sua silenciosa patologia...

- Que cor tinha o sexo? Violeta era lilás... quixotesca... Dir-se-ia que não amasse, mas amava tão plenamente que o fim era seu único indispensável pólen... O simples visualizar de um belo e altivo cessar já lhe indiciava o novo começo, o necessário desabrochar... Ela não tinha tempo de ser outono, Primavera era estado de espírito. Transgredia, amava sem escudos... Dir-se-ia que fugisse da vida antes de tê-la vivido, que sua memória era fetal. E era... memória garimpada no sujo das ruas, no desregrado sexo sem rosto, no esvaziado do copo, na droga da vida, na poesia, nas miudezas sem matéria que a levavam direto ao aquário da mãe serpente, ao não-amor : união... para além das fronteiras do corpo e da dualidade existencial porque era amor sua silenciosa patologia, aquilo que carcomia e também desabrochava a cabrocha de coração alado (dir-se-ia ralado?) Constatou que o mundo só povoa amor porque é separação. Quis a dissolução. Escolheu as ruas tortas. Acabo

Árida paisagem de mim

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Minutos de felicidade para horas de sofrimento... O nada. Luto. por um defunto que sequer sabe morrer no negro de mim. ...É o ar que falta, o chão que cabe,  o branco hepático dos novos encontros, a sedução oriunda do tédio nos minutos de esquecimento... Nas horas de dor, a resignação... Depreciação. ...O querer desaparecer do vento, o desfalecer-se das águas... O nada. desde que o seu seco /não/ soou e ecoou dentro de mim... virei deserto.

Aos peixes de aquário

Àqueles que venderam a alma ao diabo da labuta... Peixes presos no aquário computadorizado, seres adaptados, que não sentem nem dor nem melancolia nem êxtase de vida; sem significado. coloridos por fora de amarelo pardo... Entre o ser e o nada, sou esse ser exagerado. Desculpem-me porque vivo em pleno expediente... eu trabalho pra ser peixe de oceano, não de aquário. ...Vida de angústia, vida bandida, vida de amor... Dói carregar, mas sou algo!... não comerciado nem com deus nem com o diabo da terra do sol...

Violeta não nasceu pra ter senhor

Violeta tem raízes rasas. Se espalha pra captar o aroma do mundo e embeleza-se de natureza, pra sempre polinizada... Quem a vê assim, tão simples, tão bela e delicada, quer dela ser raiz. E quem disse que a flor o deseja ao consentir?... Finamente, se expande por detrás das aparências... Violeta não nasceu pra ter senhor. A ela, lhe basta sua cor e exalar e atrair...