Uma vez bem que pensei que o amor fosse uma âncora na bahia para confortar dias sem peixe e celebrar festas no cais. Sonhei com o amor como brisa refrescando a estiada, acalmando a brasa das paixões febris. Pensei que o amor curasse e que, como os abacateiros da refazenda, semeasse amanhãs... Mas amor não parece bahia, nem brisa o amor A-parece em mim como um vão, um mosquito que zumbe, insondável mistério - apagão na razão. Eu sonhei com um bote de salvação, mas amar é o norte que só procura quem já perdeu ou a busca de um norte na beira da ilha sem bote - travessia, se já abraçamos as mãos. Amanhã pode ver nascer mais um, amanhã pode ser que não seja mais nós, amanhã pode ser que seja eu, apenas eu numa triste bahia encarando a morte: outro norte. Ou não.