O Amor subiu do peito e estancou na goela. Quis voar no céu incerto e pra prevenir, tomei um gole de cachaça amarga e mandei ele entrar pra dentro! - Engole o choro, menino! Tudo que dói a gente prende, porque pra soltar tem que saber chorar baixinho, perder o peso, o controle, o possível... Acho que o Amor desgostou de algumas coisas e quis bater em retirada, mas fiquei com medo. Vai que ele vai e não volta! Então quis o Amor à força e o Amor ficou doente. Então levei Amor pra enfermaria, fiz novena, quarentena, oferenda... - Se o Amor morreu, logo ressuscita! Mas Amor é bicho ingrato, visse! Quanto mais se quer, mais se esquiva. As vezes passa de visita, e transborda, e bagunça, e quer sumir sem deixar rastro. Bendito o pouso onde o Amor ama, bendito o instante aonde o Amor dorme, aonde descansa. - Amor é bicho selvagem, menino, acho que ele não gosta da cidade!...