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Uma ode à moringa de barro!

Uma ode a moringa de barro! Que me sedenta propositalmente pra, unicamente, matar minha sede de vida. Me recria... Possessiva, não me admite jarros, garrafas ou geladeiras... Filtros? Do barro, o amor esculpido, talhado, abençoado! Água benzida! Da minha avó é a moringa, antiquada quanto a minha vida, linda quanto o desejo da gente que paraleliza com essa morte moderna... Do barro, jaz a primavera... Sinto gosto de vida já no sentir o peso nos braços ao portar a moringa, até o gole largo... Dessa água o que bebo é o desejo tribal de mato e o toque de infinitas mãos de irmãs femininas... Mãos entregues e artistas sem sujeito, sem nome... Não obstante, de finalidade conhecida, coletiva, una... Mas de onde vem esse charme moringalês? Da avó que cheira a luz, alecrim e camomila? Ou da memória do gosto acre do vinho pisado, artesanado na moringa? É esse passado tribal que a gente bebe no presente... É a unicidade que a gente sente enquanto flutua nesse mundo em par

Cama de gato

Meus minutos são o frio. Minha vida é de um lilás entrelaçado, fino... Qual é mais vida? Aquela que é vivida ou aquela que é sonhada? Acho que essa essência minha reside mesmo no universo dos sentidos, das palavras... Nessa vida que ainda não pôde ser moldada. Ah, essa vida minha... Sempre por um fio, mas nessa cor delicada... É uma cama de gato. Imaterializada!

Nunca tinha existido nada de enigmático no número 4!...

Até as 4 horas de uma tarde triste, ela era uma menina apaixonada, que chorava de dores e amava e odiava o mesmo bicho homem...  As faíscas que juntos geravam faziam com que ela se sentisse viva.. ...Uma carta, uma insônia que madrugava, um coração que palpitava, uma geleira imaterializada, um escrito sem cor...  Uma coitada cheia de amor! Após as 4 horas; branca, seus lábios pintou;  se arrumou; decidiu; telefonou e,  a sós, saiu. Se amou. Já no trajeto sem som se amou...  E bastou que alisasse os próprios cabelos para que, de sua pele, sentisse um leve tremor... O público notou aquele olhar que sempre fora penetrante, ainda que de sentimento etéreo;  e aquele ar de sorriso confiante; aquele desejo ambulante... Cruzava as ruas sem procurar olhares, era ela seu próprio alvo.  Enquanto olhares acompanhavam aquela sensação compartilhada das mãos geladas na nuca efervescente,  sentira os cabelos, de fato, curtos;  excitadoramente mais curtos do que qua

Se soubesses...

Se soubesses da liberdade que tenho em mim, aquela que busco como chama, que visto e professo, Não me deixarias ir. É quando vou que me perco me diluo e arisco sumir. Por quê negas essa linda solidão, Por quê se conténs assim de mim? Seja amor de quem é de amor! Seja minha solidão conjunta... Seja assim meu, Me tomes por sua... Amor seu, Te quero livre pra me amar sem pressa, sem tempo, sem mundo. Te quero livre pra gritar sem medo desses olhos meus, Que rechaçam o que clama essa minha alma crua. Que me tragues de uma vez só! que me assustes! Que assim vou e fico de vez... Sendo sua...  Pra onde ir? Não me penses nem decifres que me arisco... Sou vida assim que quer morrer para além dos minutos da sua pele nua... Se soubesses da liberdade que tenho em mim não me deixarias ir. Pois que doida vou sentir outro mar com ressaca de mim... ... Se soubesses as contradições que existem aqui...

De canela e alecrim

Nada mais me pertence aqui e eu não pertenço a nada disso... Maldigo o ventre que me fez mulher, Maldigo o câncer que me fortifica, A força que carrego por descendência, O ventre frutífero, O nascer histérico, A histeria, Toda e qualquer herança que não é minha. Sangue em mim, Estopim de uma vida insana. Arranha essa garganta! Cospe essa dor, Mulher de aço! Maldigo. Grito. Arranho. Nego essa herança que não pedi. Alfineta o que é feliz! Onde tudo é sólida, sobrepujada e sinistra rocha sou cigana e aprendiz  de tudo que se contrapõe de tudo que não se toca e não tem raiz. Um rito de dor e agora, a derrubada de árvores... Sim! Caules podres precisam morrer! Flores primaveris nascerão quando eu morar residir, pertencer. E virão com cheiro de chuva e borboletas no jardim... De esotérico só o cheiro da canela E o tempero alecrim... Malas se aposentarão, De mulher virá uma menina sem dentes, Nada de bancos ou se

O amor dura um copo!

Meus lábios nem moldaram o cálice dos seus quando fui ao velório meu... Pois traguei quase todo o amor e me deparei com a morte. O amor dura um copo! Pra onde a gente vai quando a gente morre? Pra onde a gente vai quando o amor morre? Travessia para os vários da gente na árida caravana das coisas... Quem é de amor não se contenta com a vida em ramos A morte é vida seca. Mas morrer em ti é vida plena... Tenho medo da morte. Então bebo do amor o cálice como quem preserva a última gota, a gota que escorre, que amortece, mata e morre. Eu não quero morrer o amor! Não quero matar o amor! Mas guardar amor como poupança... Amor se poupa? Sei que se come. Se consome... Como ser fogo e também amor que dura? Eu não quero morrer o amor Não quero matar o amor... Apenas morrer em ti eu quero. Essa morte diária de um amor que nunca morre... Eu não quero matar o amor tragando essa última gota-morte. Ainda não aprendi a beijar esses lábios gelados, fonte do todo amor

Choro meu

Saudades do berro. Desejo do grito. Independente e estremecido grito na multidão... Sonho de choro pintadinho de azul  ou de vermelho... Pois hoje o choro não tem cor,  não tem som,  nem anseio... Tem é dor.