De canela e alecrim
Nada mais me pertence aqui
e eu não pertenço a nada disso...
Maldigo o ventre que me fez mulher,
Maldigo o câncer que me fortifica,
A força que carrego por descendência,
O ventre frutífero,
O nascer histérico,
A histeria,
Toda e qualquer herança
que não é minha.
Sangue em mim,
Estopim
de uma vida insana.
Arranha essa garganta!
Cospe essa dor,
Mulher de aço!
Maldigo. Grito. Arranho. Nego
essa herança que não pedi.
Alfineta o que é feliz!
Onde tudo é sólida, sobrepujada e sinistra rocha
sou cigana e aprendiz
de tudo que se contrapõe
de tudo que não se toca
e não tem raiz.
Um rito de dor e agora,
a derrubada de árvores...
Sim! Caules podres precisam morrer!
Flores primaveris nascerão quando eu morar
residir, pertencer.
E virão com cheiro de chuva
e borboletas no jardim...
De esotérico só o cheiro da canela
E o tempero alecrim...
Malas se aposentarão,
De mulher virá uma menina sem dentes,
Nada de bancos ou sete anões no jardim.
A palavra amor se batizará quando se cuspir dos ventres dentuços,
Se dignificará
ao representar liberdade,
Ganhará amplitude e luz.
Se dignificará
ao representar liberdade,
Ganhará amplitude e luz.
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