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Um espaço

Possessão? Não! Um ser tão livre... Existe um lado obscuro, porém... Um espaço tomado, Composto de recordações, lembranças, memórias e amor. Esse suposto inviolável, Protegido na calada da noite de tão frágil, 'É a parte que me cabe deste latifúndio' da consciência. Minha posse... Nuvem nebulosa, que se interpõe ao meu espelho (consciência de mim). Existe-se no latifúndio da consciência, Mas quem vive para além desse domínio? Medo de quem não possui seu espaço!...

A menina que queria consertar o mundo

Era uma vez uma menina que queria consertar o mundo Mas com amor não podia... Na ânsia de tudo mudar Perdeu o tempo Mas o tempo não para Então perdia as horas das coisas a materializar. Certo que ela destoava... Expansiva, mas com coração triste, Defendia a todos, menos a si mesma; Era o impulso criador, mas lhe faltavam mãos de artesã para tecer e arrematar. Resolvia por deixar tudo no ar... Queria ser livre pra sentir, mas precisava ser. Importava-se com o alheio pensar. Em frenesi planejava, Atuava em infindáveis causas mirabolantes Querendo consertar as injustiças ou, ao menos, seu coração. Não era Dom Quixote, pois lhe fazia falta Sancho Pança, Lhe doía tanta limitação. Talvez, justamente, por sofrer tanta castração, Não sabia dizer não. Acumulava as dores ao redor E pela ação cega se projetava. Corria, movia-se, mas estava sempre fadada ao mesmo lugar. Era ela mera impulsão? Tentou refugiar-se nos sonhos e na arte Unindo tanto sentir aos tantos p

Amor da cabeça aos pés

Clareza de sentimentos... Que lindeza esse sentir! O mundo que nos quer, Pessoas de coração puro ao redor... O eterno é o aqui! Deus somos nós, Todos nós... Nosso coração não é nosso É o todo de tudo... ...Tudo que clareia, tudo que reluz, que chora que ama. O amor... Nada mais lindo! O sentir... Nada mais concreto! O mundo não existe. É o amor o Deus da criação, de onde tudo vem, pra onde tudo vai... Tudo é uma projeção. "Eu sou amor da cabeça aos pés"!... ...Sem nenhuma concatenação, sem nenhuma racionalidade, sem nenhum fio de meada, sem nenhuma estética ou estrutura... Sou esse sentir incrível, livre, imenso... Sou incrível Sou o outro Sou o amor...

Terrena

Esse olhar tão atento Exibe um eu tão perdido, moça Que como gostaria de arrancar-te dessa omissa dor para encontrar-te em minha etérea vaguidão!... Sua dor inconsciente é tão latente E atinge tão profundo meu bem te querer Que, ao analisares, invenção lhe pareces o que sinto... sua triste confusão. Choras sem saber porque, desorientado coração, Que descolar-te quero dessa fecunda materialidade Inundando toda sua ordem e perfeição. Tanto amo, terrena, que desestabilizar-te-ei para que te alcances, Para que te percas e te encontres Um olhar perdido: consciente sofreguidão!...

Oração

Me sabotei a mim. A esmo vivi. Como um corpo vazio neguei o que me movia: meu eu amigo, o único significante dessa vida; a energia das flores; minha parte no vasto mundo; minha real compreensão oriunda de dentro... Passei a viver dos reflexos de minhas emoções. Me perdoo, mas não posso com domínio restabelecer meus domínios... Preciso mesmo é rezar pra mim. Perdoo meu individualismo, Agora con-vivo com ele. Perdoo minhas crenças, Agora não temo mais o ridículo de tê-las. Não me sentirei menos livre com meu ocultismo, afinal, sou livre para admiti-lo. Coerência não é pra mim... Ser-tão de emoções e maré mansa. Reato com paz os isolamentos que anos de sabotagem fizeram aqui. Não adentro com violência nas estâncias de mim. Me perdi. Já reconheci. Vi que o reencontro não é tão belo e fácil como se ilustra. Frustra... É que meu orgulhoso eu profundo segue em processo de perdoamento pelo desligar sem mais do objeto (perdido) eu. Mas não me ausentarei mais

De passagem

Não sinto saudade de você, sinto saudade do amor que um dia me despertou, da velha estupidez, da minha inspiração. Os anos trouxeram racionalidade e autopreservação que ao, acertadamente, enxergar no amor ilusão, me expuseram ao risco do não mais sentir. Incapaz de restabelecer os arquétipos, agora amo objetos e dores, aromas, vazio, saudade, cores. Como uma fera reúno os cacos daqui. Em breve, creio, voltarei a sentir...

Solidão desacompanhada

Essa noite apenas blues, intoxicação e o eu que não partiu. Desgoverno num mundo vão vale. Não iniciativa, minha única preservação. Hoje não. Encerrado o expediente pra novos desapontamentos... Invejo o lobo que uiva pra uma lua cheia tão si em sua solidão musical... Assumo então a covardia, minha única ostentação e a minha amiga, essa tal solidão. Represento o mundo, afinal. Quem se responsabiliza pelo miserável sentir? Sensibilidade, sua puta triste, ninguém te deseja mais. Aposente-se! ao menos de mim...