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Oração

Me sabotei a mim. A esmo vivi. Como um corpo vazio neguei o que me movia: meu eu amigo, o único significante dessa vida; a energia das flores; minha parte no vasto mundo; minha real compreensão oriunda de dentro... Passei a viver dos reflexos de minhas emoções. Me perdoo, mas não posso com domínio restabelecer meus domínios... Preciso mesmo é rezar pra mim. Perdoo meu individualismo, Agora con-vivo com ele. Perdoo minhas crenças, Agora não temo mais o ridículo de tê-las. Não me sentirei menos livre com meu ocultismo, afinal, sou livre para admiti-lo. Coerência não é pra mim... Ser-tão de emoções e maré mansa. Reato com paz os isolamentos que anos de sabotagem fizeram aqui. Não adentro com violência nas estâncias de mim. Me perdi. Já reconheci. Vi que o reencontro não é tão belo e fácil como se ilustra. Frustra... É que meu orgulhoso eu profundo segue em processo de perdoamento pelo desligar sem mais do objeto (perdido) eu. Mas não me ausentarei mais

De passagem

Não sinto saudade de você, sinto saudade do amor que um dia me despertou, da velha estupidez, da minha inspiração. Os anos trouxeram racionalidade e autopreservação que ao, acertadamente, enxergar no amor ilusão, me expuseram ao risco do não mais sentir. Incapaz de restabelecer os arquétipos, agora amo objetos e dores, aromas, vazio, saudade, cores. Como uma fera reúno os cacos daqui. Em breve, creio, voltarei a sentir...

Solidão desacompanhada

Essa noite apenas blues, intoxicação e o eu que não partiu. Desgoverno num mundo vão vale. Não iniciativa, minha única preservação. Hoje não. Encerrado o expediente pra novos desapontamentos... Invejo o lobo que uiva pra uma lua cheia tão si em sua solidão musical... Assumo então a covardia, minha única ostentação e a minha amiga, essa tal solidão. Represento o mundo, afinal. Quem se responsabiliza pelo miserável sentir? Sensibilidade, sua puta triste, ninguém te deseja mais. Aposente-se! ao menos de mim...

Vida des-celula-da

"Célula =  elemento fundamental da matéria viva" (?) Incomunicável Sem fios, sem pressa, sem contatos. Bom é sair da rotina daquelas necessidades inadiáveis. Exilar-se daqueles seres pesados. As vezes, a vida presenteia o que, antes, pesar era. Erra e acerta. Recarregar a vida-bateria Perder-se os horários. Pulsos livres, descelulada sou nós sob meus olhares sofridos, angustiados, pacatos Entregues...

Estamirar

(Um rebuliço criado por Marcos Prado) Alecrim para sentir, proteger de magia, curar, oração para conter, trabalho para comer, rotina para ordenar. Desconexão para conectar. Romper. É o gás tóxico que efervesce aqui dentro Do lixo social, do lixo de consumo. Uma fotografia: Água quente, Sonrisal. O nó da garganta, as dores do mundo, a omissão, o lixo extraordinário... O animal que mais sofre é o ser humano. O ser humano par. A Terra morreu... Estamiras somos nós. Cuspidos aqui criamos Toda a sorte de subterfúgios, Todas as formas de Deuses. Depressão ou loucura inerentes... "Oh Lord, won´t you buy me a Mercedez Benz?" Desabafar de mim... Palavras já não dão conta..

A espera

Fumaça, aroma, quarto, bolero, solidão, espera... Passiva e sozinha espera. Vazio que espera esvair-se. Noite, expectativa, resposta sozinha Um homem, uma projeção. Mulher, sentir contido, com tudo que (in)segura medo, orgulho, desejo de penar. Cárcere invisível. Sentir vazio. Acordados sonhos alimento. Vazio que sufoca. Infinita espera.

Reencontro sem nome

"A gente é em lugares que a gente não está". Na busca por verdade, por sociedade, pelo outro Pelo caos, pela dor, pela emancipação Encontrei minha própria dor, coragem e fraqueza. Em um povoado antigo Me reconciliei comigo E me amei. Reencontrei velhos desejos, velhos sonhos, Velhos pesares tão relegados a própria sorte que, Insuperados e omitidos, se haviam esfriado E de tanto calcário havia me tornado eu mesma calcário. No encontro próprio chegamos ao coração do outro. Mas foi necessário um mundo antigo, de coisas antigas, De povo antigo, De uma música folclórica, De um livro que diz de ruínas e escombros. Foi necessário fugir do sonho e encontrar uma realidade ácida, De direita e esquerda De ambos mundos. Foi necessário passaporte, coração aberto, Veias abertas e uma América Latina, Muitas necessidades e um agir distinto. É preciso antes de tudo emancipar-se de bocas e ouvidos. Liberdade é o que não possui nome    Nome omite o homem Oprime Tant