Solar

Quando nesta madrugada perdi o fio da meada, eu vi o sol nascer sem você e me lembrei das nossas barracas.

Crianças confinadas num condomínio de 12 prédios, 17 andares sabem fazer-de-conta.

A gente morava no arranha-céus porque tínhamos asas.


O plano era o de sermos as primeiras a ver o primeiro raio de sol despontando na passagem.

E quando ele saia redondo da montanha do Laranjal, era o auge.


Tempos depois, quando descobrimos que do outro lado do planeta os japoneses roubavam nossos primeiros raios de sol, você começou a dormir, sensata.


As vezes o sol trazia a famosa "paia-piscina-vevete" com o Zé Ramalho alto do nosso pai pelo quarto...

E ficávamos com aquela "cara de Thays"!...


De todas as brincadeiras da nossa infância, é ele, o astro-Rei, nosso primeiro amigo.

Quando a janela da alma se abre, inda peço a ele pra iluminar teu pensamento, ser teu guardião,

trazer inspiração e um samba bom pra quem cedo madruga em reverência e faz-de-conta na recordação.

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