Crocodilo
Ironicamente, eu fui a primeira a procurar pelo senhor Roberto Suzano Ferraz no Hospital Geral. Provavelmente eu era o primeiro A de sua lista telefônica para o caso de uma chamada de emergência. – Sim, eu sou filha dele – disse com a voz trêmula ao desconhecido, que me passava o endereço do hospital para onde a ambulância seguiria. A primeira a chegar e a última a ouvir seus batimentos cardíacos. – Filha, guarde uma coisa no seu coração. É muito importante saber como chegar e como sair, em tudo na vida. A forma como você começa determina muito a forma em que vai viver depois. – Essas foram suas últimas palavras após o acidente. Eu ainda tinha quinze anos. O que ele fez por merecer para sair da vida assim? Teria ele entrado na vida também de supetão? Acho que não. Era um homem ponderado demais, cindido demais, que manteve dois relacionamentos amorosos em paralelo mais por covardia do que por paixão e porque minha mãe nunca foi mulher de se deixar para trás. Ela foi a primeira de su