Papel Canson
Poderia ter feito um milhão de coisas antes que a chama se apagasse...
Se eu fosse tonta o bastante pra não sentir medo, eternizar-te-ia naqueles momentos sublimes...
Não sairia jamais de casa, deixaria mais amores em versos
e beijos de bom dia eterno...
Quanto aos seus olhos tristes, repousados,
dissonantes naquele corpo primitivo que amei tanto,
que senti tanto, ainda gritam, suplicando:
expressão!... Mas seus traços um dia me escaparam
à visão... Se, talvez, implodisse menos
e te engolisse com antropofogia e berração
de paixões em aquarela, te exaurisse a recordação...
Mas sangro só de entropia, em tua geleira turvo-cinza, Imaterial,
a reunir pedaços de tempo, que esgotar-se-ão de dureza e finura,
em desejo e loucura... Curvilíneo esboço, riscado em papel Canson!...
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