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Mostrando postagens de fevereiro, 2013

Papel Canson

Poderia ter feito um milhão de coisas antes que a chama se apagasse... Se eu fosse tonta o bastante pra não sentir medo, eternizar-te-ia naqueles momentos sublimes... Não sairia jamais de casa, deixaria mais amores em versos e beijos de bom dia eterno... Quanto aos seus olhos tristes, repousados, dissonantes naquele corpo primitivo que amei tanto, que senti tanto, ainda gritam, suplicando: expressão!... Mas seus traços um dia me escaparam à visão... Se, talvez, implodisse menos e te engolisse com antropofogia e berração de paixões em aquarela, te exaurisse a recordação... Mas sangro só de entropia, em tua geleira turvo-cinza, Imaterial, a reunir pedaços de tempo, que esgotar-se-ão de dureza e finura, em desejo e loucura... Curvilíneo esboço, riscado em papel Canson!...

I

Imagem
(imagem: autor desconhecido) Peixe tem alma coletiva... Fui particionada. Escutastes? Mutilada! Choro de dores invisíveis... Preciso encontrar-me meu cardume.

Estranho hóspede

Esses dias conheci alguém que trouxe para morar na minha casa, que me desalojava a cada dia, a cada palavra que de mim saía... Eu expunha, dizia, pois trabalhara o projeto de construir a ponte que ligasse os pólos da gente que se perdia... Só havia o silêncio. Então comecei a preencher os espaços... Lhe contei do meu passado, lhe pus a par das minhas feridas e, a cada frase à ventania, objetos da minha casa sumiam... Primeiro os lençóis da cama, depois o envoltório do colchão. E as malas... - Já não podia partir... As horas passavam, os dias, as coisas, e mais e mais eu me apegava àquele estranho distante, que comeu da minha comida. Por último, se foram as chaves de casa... Como sou desajeitada! Uma pária... Fiz-me então não-presença, só pra não desconfortar... ... Palavras íntimas dentre nuvens negras são corrente arquitetada de afeto. ... Ontem chorei detrás da cortina. Chiquitita de mim... Nunca mais tive casa desde a necessidade de amar e ser amada que sempre se apossara

Fragmento

...Não dispunha de armas que lha abrigassem do vento das próprias palavras. Descortinava-se. Desculpava-se, como desajeito de ser ela... ...Reinventar-se! Eis o novo-velho lema.

Eu te amo. Só não lembro...

Deixei meu amor para viver na Espanha. Aquele amor terno, doce e gentil... Seus cabelos eram de primavera e floresciam naturalmente. Tinham vida própria e se encarapinhavam, claros e suaves, no meu rosto, na minha nuca... Não. Meu bem não tinha cabelos de primavera. Talvez seus cabelos fossem invernais, de tão escuros, indiferentes, cortantes, de lado - como um abrigo velho ao sentir as rodas mecânicas de um aquecedor elétrico...  Era isso aquele meu amor... Inverno de aquecedor! E não era doce, terno, tampouco gentil... Era indiferença presente, carícias calientes, desejo, intriga...  Não. Era volúpia! E dor... Ai, o meu amor... Era brasileiro, como Deus. Ou colombiano de sangue grosso... Um Buendía da sofrida estirpe. Sobrevivente!  Mi cariño tinha nos dentes as cores de sua bandeira e o cheiro doce do próprio fumo... Olhar grave de quem não sorria.  Era lindo! Mas intocável. O que fazia dos contatos íntimos o não contato. Era mesmo um amor falhado. Com os beijo