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Mar de dentro

Um prólogo: Caos, Corrupção, Liquidez, Desatenção. Mal estar na civilização. Aceleração, Frenesi, Angústia, Desatenção, Fragmentação, Ação. Um ser aflito pela liberdade pede trégua. Quer aprisionar-se, ou melhor, conhecer seu cárcere. Tempo. Relógio. Controle. Auto-controle. Subjetivação do caos dominador. Desajuste. ...Trégua. 'Criamos neuroses para não enxergar coisas indecifráveis' (frase aproximada, presente em "Manhattan"). Em um mundo cada vez mais particionado, nosso inconsciente emerge em flashes. A racionalização é difícil quando o que se escreve vem de dentro... Do mar de dentro. Uma psicológica narração: Ela era solidão. Não sabia por que era solidão. Como queria integrar-se ao mundo... (!), mas os laços a amedrontavam.  Aprofundava-se, ia fundo, mas apenas até o limite de encontrar-se a si mesma, não sabia, todavia. Dedicava-se aos amigos com tanto afinco, que lhe doía ter de procurá-los quando precisava. - Porq

Cada Tempo Em Seu Lugar

Preciso refrear um pouco o meu desejo de ajudar Não vou mudar um mundo louco dando socos para o ar Não posso me esquecer que a pressa É  a inimiga da perfeição Se eu ando o tempo todo a jato, ao menos Aprendi a ser o último a sair do avião Preciso me livrar do ofício de ter que ser sempre bom Bondade pode ser um vício, levar a lugar nenhum Não posso me esquecer que o açoite Também foi usado por Jesus Se eu ando o tempo todo aflito, ao menos Aprendi a dar meu grito e a carregar a minha cruz ... Cada coisa em seu lugar ... A bondade, quando for bom ser bom A justiça, quando for melhor O perdão, Se for preciso perdoar Agora deve estar chegando a hora de ir descansar Um velho sábio na Bahia recomendou: "Devagar" Não posso me esquecer que um dia Houve em que eu nem estava aqui Se eu ando por aí correndo, ao menos Eu vou aprendendo o jeito de não ter mais aonde ir ... Cada tempo em seu lugar ... A velocidade, quando for bom A saudade, quando for m

Muralhas fluidas

Um bloqueio indesejado nada mais é do que resquício do não Não resposta, não paixão, solidão. O querer consciente de amor contrasta-se com um momento embarreirado de nãos, senões, incapacitação involuntária de amor. Daqui de dentro escutam-se esganiços roucos loucos por idealização! Eu guardião... De palavras sozinhas que se nota, pois palavras são espelhos da alma que, de locais inabitados, surgem como canção. Digo de palavras, pois delas notam-se bloqueios, Passageiros, posto que palavras também são libertação. Em processo de cicatrização vejo coisas passarem E aos que me dirigem sentimentos Segue um simples lamento... Vai passar!

Um espaço

Possessão? Não! Um ser tão livre... Existe um lado obscuro, porém... Um espaço tomado, Composto de recordações, lembranças, memórias e amor. Esse suposto inviolável, Protegido na calada da noite de tão frágil, 'É a parte que me cabe deste latifúndio' da consciência. Minha posse... Nuvem nebulosa, que se interpõe ao meu espelho (consciência de mim). Existe-se no latifúndio da consciência, Mas quem vive para além desse domínio? Medo de quem não possui seu espaço!...

A menina que queria consertar o mundo

Era uma vez uma menina que queria consertar o mundo Mas com amor não podia... Na ânsia de tudo mudar Perdeu o tempo Mas o tempo não para Então perdia as horas das coisas a materializar. Certo que ela destoava... Expansiva, mas com coração triste, Defendia a todos, menos a si mesma; Era o impulso criador, mas lhe faltavam mãos de artesã para tecer e arrematar. Resolvia por deixar tudo no ar... Queria ser livre pra sentir, mas precisava ser. Importava-se com o alheio pensar. Em frenesi planejava, Atuava em infindáveis causas mirabolantes Querendo consertar as injustiças ou, ao menos, seu coração. Não era Dom Quixote, pois lhe fazia falta Sancho Pança, Lhe doía tanta limitação. Talvez, justamente, por sofrer tanta castração, Não sabia dizer não. Acumulava as dores ao redor E pela ação cega se projetava. Corria, movia-se, mas estava sempre fadada ao mesmo lugar. Era ela mera impulsão? Tentou refugiar-se nos sonhos e na arte Unindo tanto sentir aos tantos p

Amor da cabeça aos pés

Clareza de sentimentos... Que lindeza esse sentir! O mundo que nos quer, Pessoas de coração puro ao redor... O eterno é o aqui! Deus somos nós, Todos nós... Nosso coração não é nosso É o todo de tudo... ...Tudo que clareia, tudo que reluz, que chora que ama. O amor... Nada mais lindo! O sentir... Nada mais concreto! O mundo não existe. É o amor o Deus da criação, de onde tudo vem, pra onde tudo vai... Tudo é uma projeção. "Eu sou amor da cabeça aos pés"!... ...Sem nenhuma concatenação, sem nenhuma racionalidade, sem nenhum fio de meada, sem nenhuma estética ou estrutura... Sou esse sentir incrível, livre, imenso... Sou incrível Sou o outro Sou o amor...

Terrena

Esse olhar tão atento Exibe um eu tão perdido, moça Que como gostaria de arrancar-te dessa omissa dor para encontrar-te em minha etérea vaguidão!... Sua dor inconsciente é tão latente E atinge tão profundo meu bem te querer Que, ao analisares, invenção lhe pareces o que sinto... sua triste confusão. Choras sem saber porque, desorientado coração, Que descolar-te quero dessa fecunda materialidade Inundando toda sua ordem e perfeição. Tanto amo, terrena, que desestabilizar-te-ei para que te alcances, Para que te percas e te encontres Um olhar perdido: consciente sofreguidão!...