Na asa do vento, coisas de partir. O bico sabe o tempo certo de deixar paradeiro velho, o amor também sabe partir resistências, reticências... medos, cismas... que ciscavas no chão seguro. O amor parte pro leste na primavera onde o sol nasce e a gente parte e se parte, no tempo certo pra deixar derradeiro velho acolho passageiro risco nas asas de um bandoleiro cada bico encontra seu destino.
Nunca vi nascer gente, mas você já viu o nascimento da água de uma fenda no meio da terra? Nasceu tímida como uma lágrima e brotou aos borbotões quando disse que me amava no cemitério da água eu estava acolchoada ao teu seio azul e à almofada do mundo, de onde surgiu o primeiro ancestral do homem, de onde chegaram as primeiras caravelas. O amor coloniza o amor liberta onda sempre traz o amor que resiste onda sempre leva o amor que recomeça como um peixe extinto dormindo há 8 anos-luz da Terra, 8 deitado é o símbolo do infinito, mas eu nunca senti saudade saudade é a minha matéria tanto quanto a terra desconhece a cor da terra eu jamais desaprendi o som do teu sorriso, a música da tua pele em festa e a noite com o farol dos teus olhos nos avessos do meu poema.
Você é o amor esboçado na parede do meu quarto com fita crepe, desse esboço escolhi compor com os meus retalhos, quis morar neste retrato e nas promessas das cores espalhadas pelo vento. Me empenhei à arte da Renascença para um amor que não renasce. Fita crepe na parede do quarto e farrapos da dor pungente. Quis morar em nós, não houve espaço. Tentativas frustradas de óleo em formato A4, Rio de Janeiro, 2014.
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