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Mostrando postagens de agosto, 2022

Erro certo

Se até o profeta Maomé um dia amou quem sou eu para furtar-me a este dardo cuja ausência me deixou  esfomeado? Bendito fardo lancinante agora ardo que até a mágoa evaporou. 

O nascimento do poema

As vezes eu ponho o poema para dormir Tão somente assim, quiçá se torne pungente, fermentando amorfo na calada da noite, assim como os lobisomens e as sementes. Se encrava-me um pelo  ou a unha,  um abcesso em contornos doirados dos serafins cacheados me amanhece. E ele desperta assim tão puro,  tão indecente, rasgando a matéria tão impunemente que lhe miro as fuças e oro (mãos em prece): - Amor, é a dor que te fecunda, mi-ra-cu-lo-sa-mente!

Máquina autocrática

 É preciso linguagem para fazer Amor que só existe no peito enquanto arde e quanto mais ele arde mais preciso da linguagem para fazer Amor. 'Amo-te' é belo, mas não cabe É preciso criar linguagem para fazer Amor  que arde E quando os músculos se contraem invoco linguagem catarse para experienciá-lo, Amor tal qual tirano que invade, dono de minha identidade,  riso e dor.  É preciso linguagem para alimentar o Amor.

Travessia

 o tempo todo vida nova brota pelos poros furúnculos de água nos recantos mais improváveis. Onde há desejo há um caminho sem página em branco o que existem são os pontos no incessante trabalho de redizer desde a vida recebida de outra vida, uma vez o nome, o futuro é a travessia no caminho da Lua Se a loucura me sorriu fui eu mesma que acenei fui eu mesma que acenei

Maria

Mania de Maria Maria de Mar salgado Eu te a.mar.ia, Maria na maresia e na ressaca, na fartura do teu leito todinho feito de música eu faço meu salto acrobático Caio de pé nem Morro nem Mato porque Maria é de aMar acolchoado em teus olhos mareados de outra aldeia.