A vida é um zás
Certa feita, escutei uma metáfora interessante em um momento muito difícil da minha vida: somos como os aviões, o piloto e os passageiros e precisamos vez ou outra trocar o motor do avião em pleno vôo. Essa é a reforma íntima. A vida é o vôo.
Mas eu sou gente, e gente como faz?
Eu acho que gente ama.
Quando atravessam tempestades, aeronaves não seguram as mãos umas das outras...
Os bichos, na dor, silenciam e reunem-se em manadas, alcateias, clãs.
Ser humano é diferente. Comunica-se? Ilude-se em exprimir-se em palavras, mas ouvidos não ouvem.
Ser humano: ser-como-os-loucos. De que se alimentam?, como vivem quando lidam com as palavras presas e soltas?
Vive-se então no vácuo e as relações são de uma natureza que desconheço e que mesmo assim se reune. Conversam em fusos horários distintos.
Eu persigo jornada das 100 razões da vida que não subsiste: é desejo de pássaro em coração de mulher.
Hoje despertei, lavei o rosto, tomei meu café amargo, alimentei o meu cão de remédios e carinho, peguei um ônibus para o trabalho e olhei para o céu: vi uma aeronave em seu destino. Chorei com a solidão dos aviões.
Zás: alguém viu o que se escapa.
Vida é um triz.
FIM.
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