Uma casinha modesta
Construí uma casinha modesta, de madeira e alvenaria no coração da cidade. Verde na varanda, bebedouro de beija-flores na janela, borboletas polinizadoras, um aquário. Água sempre fresca da velha moringa de barro...
Chiquinho ainda espalha tapetes, agora na porta principal da casa. Frida espalha sua poesia-de-andar-felina nas tábuas corridas da sala. À sombra, o reflexo... Paredes sustentam sedutoras e repousadas mulatas de Di Cavalcanti. Micos habitam mangueiras.
Vejo um ninho de pássaros... azul por todos os lados, tudo a apenas cinco minutos do asfalto engarrafado. À noite apavoram-me indefesos morcegos.
O lar é feito de aconchego, com vista para o cinza-alto dos "apertamentos". Preciso de tua mudança para dormir doce em teus braços e daquela ajuda com a escritura (!): são dois quartos, uma cozinha; banheiro, sala, varanda, tintas; letras harmônicas justapostas a cada passo, cada traço da arquiteta.
A mesa é longa para o pão, para a família, amigos-frutos, as sementes... O artesanato do gosto fresco-límpido; o vinho, o peixe cozido... construídos para a gente.
Inábil na prática, mas deitada na rede dos meus sonhos mais complexos, já deixei tudo alinhado e embutido, encomendado para acolher em paz teu coração no peito - estrutura mais pura de amor que tenho.
Há de cuidar com muito zelo! - do frágil de alguns consertos, reparos, do meu Amor mais profundo, que vale muito na Cidade-Concreto!
Venha logo de malas e cuias! Arar a terra ensinar-me-á a dançar teu tempo. Há de ser tudo dosado, tudo firme, amante e amado em nossa casa de mistério e alvenaria, no coração da cidade de pedra.
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