Poema para o bem amado
Chegou em meu temporal sem tirar os sapatos...
Tentei, então, em vão,
fugir do seu cabelo armado, da sua cor, desses olhos de mago...
dessas coisas tão ancestrais que carregas no passo.
Tive medo. Mas cavaco já havia chorado...
nossos corpos já haviam dançado tua música;
nossas almas, no batuque, se entrelaçado;
teus olhos me enfeitiçado;
poesia de Vinícius abençoado...
Cortei o laço. Mas cavaco já havia chorado...
Pandora espalhou-me as feridas. Chorei, corri, chovi.
Mas em sua caixa, um bater de asas aprisionado...
Era a doce Esperança a bem-querer-me os ouvidos... zunindo
que nessa vida havias de ser minha melodia. Eu, que só sei fazer poesia...
E o teu cavaco, já havia chorado...
Temporal passou, teu sorriso ficou,
a leveza do teu passo, musicado
em mim, nada mais andava chorado...
Então abri as portas da casa, só para ver o novo
brotar no coração velhaco
do namorado...
Meu bem amado!
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