O carmim do nosso amor
Do nosso amor, o grito adormecido no corpo pele, dentes, cabelos, odor... Do nosso amor, a matéria extensa dos não-ditos Eu sinto teu grilo teu grilo, sigilo Não sei o que sinto, amor O nosso amor é o carmim nos lábios frágeis da gueixa Há de se retocar, sufocar, purificar sem pudor. Como o conjurador das chuvas, aprender fazer chuva que nunca lhe chova para nunca borrar o carmim do nosso amor O nosso amor, bichinho tão puro; na pele, tão devastador, é beija-flor que me espalha sementes que me nutre, meu amor. Do nosso amor, gastei todas as rezas Santo Antônio, São Benedito, Nosso Senhor. Quantos jogos de tarô!... para que fosse sempre rocha, jamais flor. E como lograr isso, amor? Eu, que sou fogo abrasador, nunca me dobrei por ninguém assim não senhor! Ai, esse amor! Nunca soube de minhas vigílias, menos ainda de minha entropia flutuando em face de flor. Só por ti, meu amor, delicado, sim senhor! Hei de zelar teu silencioso grilo, o não