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Mostrando postagens de março, 2013

Questão de gênero

I   - Luiza ... Falava de si em terceira pessoa. Escrevia só porque morria, para identificar o maremoto que dentro de si cabia. Seu orgulho era sentir o que sentia... Senhora de mãos escorregadias. Nada lhe pertencia. Apegou-se, então, aos laços presentes e invisíveis que constituía, e ao seu caderninho de remendos e poesia. Assim se dividia: a mulher e a menina. Há quem diga que era triste, há quem diga que de tanta felicidade Luiza luzia... Dependia do olhar de quem a via? Especulo que era prolixa. E via-se doente como o mundo de jornais expressos e internet informativa, só porque falava em tópicos, como quem quer desnudar-se, desmanchar-se, sem trazer incômodos. Respirava com cuidado. Já lhe haviam dito que carregava consigo algo intimidador. Talvez porque não perdia a mania de ir até o último gole, expondo-se a maiores danos na vida, e há sempre um sadismo na dor que se sente. Ter um corpo era por si só, um desafio. Por isso, a cada queda, mais força e fé ganhava na vida

Moça na janela

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Papo de bar, papo de vida... "Mulheres são complicadas! Indecifráveis! Vede a vida..." O direito de discordar. ... Descobriu então nos olhos do amado: era amor pra toda a vida! Jantaram. Conheceram-se. Diplomáticos. Economistas. N'outro dia, um chamado. Inesperado. Uma festa. Boas vindas... Haxixe paquistanês. Maconha senegalesa. Gin tônica número zero. Viajaram... O fogo e a balança na casa do peixe. Um funk. Um soul. O beijo... Um beijo. Mais um. Mais outro. Vento frio... Mãos calientes. O melhor que ela fazia? Dançar-se de música. Seu nome era lira. E luna... Uma porta. Um beijo. Uma escada. Um aperto. Um chá... Um quarto. Escuro. Luminária acesa. Dança devota. Compartilhada. Recíproca. Amou quem lhe cuidou, a menina. Ele vinha de casa. Veio à casa. Gentil. Os olhos claros. ...Palavras que constroem afeto. Cupido passivo e contente. - "Confia"... "Seguro, me liga". - "Ele não joga". "Já vi." Olho