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Mostrando postagens de março, 2012

Oração

Me sabotei a mim. A esmo vivi. Como um corpo vazio neguei o que me movia: meu eu amigo, o único significante dessa vida; a energia das flores; minha parte no vasto mundo; minha real compreensão oriunda de dentro... Passei a viver dos reflexos de minhas emoções. Me perdoo, mas não posso com domínio restabelecer meus domínios... Preciso mesmo é rezar pra mim. Perdoo meu individualismo, Agora con-vivo com ele. Perdoo minhas crenças, Agora não temo mais o ridículo de tê-las. Não me sentirei menos livre com meu ocultismo, afinal, sou livre para admiti-lo. Coerência não é pra mim... Ser-tão de emoções e maré mansa. Reato com paz os isolamentos que anos de sabotagem fizeram aqui. Não adentro com violência nas estâncias de mim. Me perdi. Já reconheci. Vi que o reencontro não é tão belo e fácil como se ilustra. Frustra... É que meu orgulhoso eu profundo segue em processo de perdoamento pelo desligar sem mais do objeto (perdido) eu. Mas não me ausentarei mais

De passagem

Não sinto saudade de você, sinto saudade do amor que um dia me despertou, da velha estupidez, da minha inspiração. Os anos trouxeram racionalidade e autopreservação que ao, acertadamente, enxergar no amor ilusão, me expuseram ao risco do não mais sentir. Incapaz de restabelecer os arquétipos, agora amo objetos e dores, aromas, vazio, saudade, cores. Como uma fera reúno os cacos daqui. Em breve, creio, voltarei a sentir...

Solidão desacompanhada

Essa noite apenas blues, intoxicação e o eu que não partiu. Desgoverno num mundo vão vale. Não iniciativa, minha única preservação. Hoje não. Encerrado o expediente pra novos desapontamentos... Invejo o lobo que uiva pra uma lua cheia tão si em sua solidão musical... Assumo então a covardia, minha única ostentação e a minha amiga, essa tal solidão. Represento o mundo, afinal. Quem se responsabiliza pelo miserável sentir? Sensibilidade, sua puta triste, ninguém te deseja mais. Aposente-se! ao menos de mim...

Vida des-celula-da

"Célula =  elemento fundamental da matéria viva" (?) Incomunicável Sem fios, sem pressa, sem contatos. Bom é sair da rotina daquelas necessidades inadiáveis. Exilar-se daqueles seres pesados. As vezes, a vida presenteia o que, antes, pesar era. Erra e acerta. Recarregar a vida-bateria Perder-se os horários. Pulsos livres, descelulada sou nós sob meus olhares sofridos, angustiados, pacatos Entregues...