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Rédeas II

Derradeiro momento  para se encontrar um grande amor ferido por outro grande amor. Disse que me ama loucamente porque tem peito de amar assim,  mas disse que dessa vez quer ter as rédeas na mão atravancando caminho então mergulhei bem direitinho coloquei os pés no chão e então vamos seguindo entre trancos e solavancos entre flores e espinhos pedras e negociação. 

Rédeas I

páginas em branco mordem palavras disformes no céu da cabeça músculos se retorcem  desenhando um nó no pescoço Ando com a garganta na penumbra da morte das palavras cruciais. Ali aonde jaz a palavra sobram os feitos e o chicote da língua dos outros. 

Então chove

No avarandado do meu coração descobri do amor coisas incertas. Ao não-sei-quê de desespero, acenou o silêncio das borboletas, porque viver é um instante enquanto o passado lateja. Bom mesmo é amar fingido de besta na superfície da delicadeza, com a ponta dos dedos, com a face dos pés. Doralice lançou agora um grito  Mas João sempre amanhece. Então chove... Porque o amor cutuca o amor (ainda) provoca. Bom mesmo é esperar na varanda Enquanto a paixão arrefece. 

Des-fecho

O nosso amor já teve o seu desfecho, mar revirou-se do avesso, logo veio um fio de intuição: convidou-me pela mão. - mesmo enredo - mesmo cheiro... Era noite de baião. Te(n)são, que hoje des-fecho novo fôlego incerto. Vida, fui eu que lhe assoprei na estrada aqueles dentes de leão? O oposto do desejo  é desejo em dobro. 

O amor pede sempre

 linhas frias verso quente do amor alquimia que se transforma a cada hora à revelia da gente. A natureza assimila suas intempéries e a gente sustenta sempre a fantasia de compor enredos, contornar afetos, alimentar esse bicho que cresce. O amor pede sempre. Quanto mais ele pede, mais se cria, mas o que há sempre é a poesia perdida, o escape da vida à revelia da gente.

Carrego comigo

Não sei se esse choro indefinido é preocupação ou espasmo pelos nossos contrários, não sei se é ciúme fingido tentar segurar areia pelos braços e na estrutura profunda da linguagem enxergar nele o descompasso. Teu tempo é pra mim poesia que se entorna em meus horários, é amor, desespero ou desencanto poder sentir os teus lábios e desejar que boca nenhuma mais beije este meu velho canto que insiste brilhando  os olhos do meu amado.

Aos olhos vivos do meu amante

 Aos olhos vivos do meu amante a manteiga derretida de anteontem, a promessa de um amor além de instantes... É que a disciplina férrea me firmou os pés, deixou-me um furo para cada espaço - de lapsos, fluxos, ato falho... Ser de peneira ainda me leva além!