Ponte para Pasárgada


Galo cantou no orvalho da madrugada.
Poesia chorou nos recônditos de mim.
Libertei um prisioneiro às seis horas da tarde,
nesse tempo misterioso que não é dia, que não é noite, que é o vazio dos sentidos
- interlúdio, passagem
o silêncio de Deus.

Nessa hora, as palavras não conseguem velejar
estão em vigília num tempo morto.
Sinto o peso do nada.
Ele nada,
tu nadas, eu
nada posso saber do mar.

Quem é que sabe nadar?
Perscruto o tempo - aperto o botão de rosa para saber do que dela sai.
Machuco a rosa e nada de metafísico descubro no nada.
Quisera me espremer para desvelar uma palavra... mas o nada,
o nada
o nada
o nada.

nada de chão, nada de cão,
nada de pão, nada de beijo,
nada de água.
Olho pro vento,
quisera conhecer as indagações do tempo...
mas ele também não é nada.

Deus fez o homem que cria
que sonha
que pensa
e filoso-fia,
rei de uma angústia desconhecida,
- não pode valer-se é de nada!

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