Ensaio II
Eu quero escrever uma história que não fale sobre a minha vida. Eu quero contar e revelar as belezas sutis que escapam e circudam a vida dela. Quero muitos pontos finais para conseguir respirar. Conhece, o leitor, oráculo mais poderoso do que o silêncio? Quero um conto cru, tão simples, tão simples que economize a escrita. Que economize os papéis. E me enredar no fio que tece o Criador e tece também nossas vidas comuns. Ser comum é a meta desta minha vida. E para terminar, quero um desbastador de argila, para eliminar todo o excesso que nos confundiu desde o princípio da Criação. Eu não quero curar. Esse é um conto que dói porque nasce da alegria da vida. Vida... Quantas vidas existem em uma só vida? A busca por essa história começou há mais ou menos quatro anos. Eu, uma menina, despontando na vida. Via uma janela. Todos os dias. Xamãs acenavam e eu ia furtiva. Despertava com o peito transbordando de não-sei-o-quê. Um dia bati na porta de uma astróloga. A casa era ampla, va