Eu não ando só

(Ando com Bethânia, em minha "Carta de Amor")


Não meche comigo. Eu não ando só.
Em mim, a voz do mundo. O grito, o sussurro,
o mal e a cura.
Não caio no canto de Ossanha. Talho a minha armadura
pra logo logo ser de amar melhor.

A fome é tanta...

Me conecto. Me camuflo. Disperso palavras.
Minha alma é nascente não concatenada, des-identificada, pedra bruta. Toda reticências...
Sou rizoma.
Raiz, broto, flor, folha, vida e morte. Fruto,
natura.

Quem já escutou o riso de Oxum e a música de Iansã não voltará ao começo do próprio ciclo,
fluirá semeadura
nesse tempo, nunquinha nosso.

Cinco almas acalentadas, aninhadas de corpo
no verde sano do Sana que sana dores.
A quintessência, a fina flor de um amor transcendental.

A água doce que nasce, dança e morre lago,
no mesmo tempo e no mesmo espaço,
me ensinou a reciclar os fluidos de mim,
a cuidar, curar, velar a energia dos meus amigos
e dos amigos ao contrário!

Não meche comigo. Eu não ando só.
Iemanjá anda de mãos dadas comigo.
Eu sei responder aquilo que vai sozinho
assim, nunca me destróis.

Se me destruo é pra nascer de novo
e, mais e mais fundo,
ser de amar melhor.


Comentários

  1. Parabéns pelos seus textos! A maneira como você escreve é muito inspiradora. Achei seu blog ''por acaso'', percebi que você não postava há um tempo, achei que tivesse deixado de lado. Que bom que não.

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  2. Muito muito obrigada!
    Muito bom poder dialogar assim!
    Parar não paro não. Foi só o tempo da cura, as vezes faz bem...
    Um super beijo!

    ResponderExcluir

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