Lavapiés
É preciso ver a sujeira das ruas, a podridão do consumo, a oferta É preciso ser mulher e sentir-se comida pela tradição de Maomé num recanto árabe dessa multidão cosmopolita, que reclama seu espaço e um cigarro numa dessas noites quaisquer É preciso conhecer a fundo a viagem desses becos e seus castelos de seringa e fumo, o peso do tempo que um dia lhe reclama o rosto É preciso reconhecer-se parte desse mau cheiro, pegar-se mentindo, porque uma hora a cidade vai pra sua casa e lá estás nessa jornada, ao lado das putas, dos drogados, bêbados, pedintes, imigrantes, bate-carteiras, malabaristas, sem documentos... E te vestes o mesmo andar, o mesmo tom e, com o tempo, temes menos, incorporas... pois vês que nada possuis além de um si mesmo que, dia a dia, enfrenta o espelho e conhece o rosto da solidão... E escutas no bareco que Seu Jorge foi acertar as contas com o "chifrudo"; se planeja a ocupação, que lhe promete uma melhor cama e um balcão que compartirás com o compan